quarta-feira, 22 de junho de 2016

N2, Estrada Nacional 2

                                                 

 738.5 kms. é a distância entre Chaves e Faro pela Estrada Nacional 2, a maior de Portugal e a única a atravessar o País de Norte a Sul. 

A data escolhida foi 10,11 e 12 de Junho de 2016, contando para isso com duas motas, uma Inglesa, Triumph Tiger 1050 do António Viegas e uma Japonesa, Yamaha MT-09 Tracer do Carlos Tavares. Uma dupla já com muitas viagens feitas em conjunto, o que permitiu organizar esta viagem de forma fácil e simples. O primeiro dia seria para chegar a Chaves com o ponto de encontro em Samora Correia, com passagem em Tomar, Serra da Estrela e Vila Nova Foz Coa, com a chegada a Trás os Montes já pelo fim do dia. Sábado seria para partir cedo do km.0 da N2 em Chaves e ir descendo com as diversas paragens sem pressas, até ao anoitecer. No último dia o objectivo era chegar a Faro, e regressar a Lisboa, também fora das AE's ou vias rápidas.
A N2 que liga Chaves a Faro num percurso vertiginoso pela espinha dorsal do País atravessa 36 Munícipes, com passagem nas seguintes localidades:
Chaves - Peso da Régua - Viseu - Santa Comba Dão - Penacova - Vila Nova Poiares - Castanheira de Pera - Pedrógão Grande - Sertã - Vila de Rei - Abrantes - Ponte de Sôr - Mora - Montemor-o-Novo - Torrão - Ferreira do Alentejo - Aljustrel - Almodôvar - São Brás Alportel - Faro

Depois da calma e impaciente dormida em Chaves numa pensão situada no centro da Cidade previamente marcada através do BOOKING, a viagem começou pela manhã bem cedo no marco bem situado, do km0 desta N2, foto da prache e toca a seguir caminho nas duas motas já atestadas no dia anterior. Os primeiros quilómetros são para apreciar todos os montes desta zona lindíssima, não estivéssemos nós nos Trás os Montes, bom asfalto, temperatura amena nesta altura do ano, pouco ou nenhum trânsito, condições ideais para a prática do Motociclismo. Até ao Peso da Régua, altura que completámos os primeiros 100 kms. desta longa estrada, não podia ser melhor, paisagem maravilhosa num intenso e imenso verde, estrada revirada com curvas e contracurvas sempre com um piso em óptimo estado. No Peso da Régua, paragem obrigatória junto ao rio Douro, aqui nota-se a presença de muitos turistas e claro motas que também andam a percorrer a N2, nada que nos impeça de tirar umas bonitas fotografias com fundo o rio, as pontes e claro as vinhas nas encostas.
 

Seguindo, no percurso divertido e revirado que nos ia mostrando o aumentar de kms. através dos marcos à beira da estrada, próximo destino e paragem Lamego com a obrigatória visita ao Santuário de Nossa Sra. dos Remédios, no topo do monte de Santo Estêvão, senão fosse pelas imponentes e fabulosas estruturas, colunas e escadas em pedras, só o caminho empedrado numa autêntica floresta até ao topo do monte já tinha valido a pena este pequeno desvio.
















Com a chegada a Viseu já depois do meio dia, foi hora de almoçar, e nesta zona de Portugal, as refeições são servidas em doses exageradamente grandes, mas a andar de mota tantas horas não convém descurar esse aspecto, claro que alcool em nível 0.
É depois de Viseu no caminho para Santa Comba Dão e Penacova que as indicações da N2 são difíceis de encontrar, coisa que até agora não tinha sido problema, as placas insistem em nos colocar no IP2, e além de nós via-se mais motociclistas um pouco perdidos também, com a requalificação que anda em curso nesta N2, creio que será uma das zonas a ter em atenção. Mas lá fomos conseguindo apanhar o rasto da mítica estrada que foi um grandes projectos do Estado Novo, a partir de 1930 começaram a ser alcatroados troços de pedra e terra, até que em 1944 é inaugurada, quem diria que passados 72 anos está para se tornar numa rota turística.
Circundando o rio Mondego vamos passando por Penacova, as paisagens continuam a ser deslumbrantes e apetece parar a cada minuto para levar um retrato fotográfico para mais tarde
recordar.


Vila Nova de Poiares, Pedrógão Grande com a majestosa Barragem do Cabril onde se vê já as novas bandeiras amarelas que estão a ser colocadas para indicar o km da N2,
Sertã onde aproveitámos para uma paragem à beira rio com a ponte Romana a nos fazer a delícia do olhar, Vila de Rei, onde alcançarmos o Centro de Portugal no ponto geodésico.
Abrantes onde nos cruzamos com o rio Tejo, pelas 18 horas estávamos em Ponte de Sor com 420 kms. feitos nesta maravilhosa N2, altura para jantar nas habituais bifanas e marcar o alojamento para esta noite, local escolhido Ferreira do Alentejo, após um telefonema com a confirmação de quarto disponível, e estômago aconchegado faltam 130 kms. até ao merecido descanso. Montargil, Mora, Montemor o Novo, aqui também a indicação da N2 se perde, mas com o nosso bom sentido de orientação já apanhámos o rasto sem grandes desvios, Alcáçovas, entretanto a noite caiu, passagem por Torrão com foto na bonita iluminada Igreja da terra e chegada a Ferreira do Alentejo pelas 22 horas, com 580 kms. feitos com tudo a correr como planeado, algum cansaço, mas sempre boa disposição.




A dormida foi no Pátio das Flores, um agradável alojamento local, com os donos, um casal simpático, sempre disponível para que nada nos faltasse, até as motas ficaram no bonito pátio interior da casa.
Domingo, mais um acordar cedo com o normal entusiasmo de quem anda e viaja de mota. Pequeno almoço tomado à conversa com os donos da casa, hora de abastecer as máquinas e tomar novamente a estrada que nos trouxe até aqui, Faro está já a 140 kms. de distância.









 N2, a única estrada que atravessa Portugal de Lés a Lés.

Estamos no Alentejo, tudo é seco em tons amarelos e nesta fase as longas rectas começam a aparecer, isto até entrarmos em território Algarvio porque depois de Almodovar entramos na Serra do Caldeirão e são mais de 50 kms. de curvas bem apertadas, com raides que nos transmitem segurança com a protecção inferior instalada a pensar em nós e outros que também andam de mota. Paragem obrigatória no miradouro do Caldeirão, mais uma sessão fotográfica e a chegada a Faro em breve se fez com os 738.5 kms. feitos nesta magnífica experiência. O registo fotográfico junto do marco final bem como da placa, recentemente inaugurada pelos dois Presidentes de Câmara das duas Cidades, que indica a direcção Chaves, foram tiradas. Uma paragem na Ilha de Faro e o regresso a Lisboa pela estrada Nacional para não estragar toda a magia que tiveram estes três dias.


ALBUM DE FOTOS