segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Olivença ou Olivenza? Portuguesa ou Espanhola?

À medida que nos aproximamos da grande Pirenéus - Picos 2017 Fevereiro é mês da sexta aventura desta temporada 16/17, destino escolhido a Sul em Espanha, uma terra que vive na indefinição de ser Portuguesa ou Espanhola.
Olivença é uma Cidade e Município em território de Espanha, segundo o Estado espanhol, e em território de Portugal  actualmente administrado por Espanha, segundo o Estado Português. Os dois Países vão-se mantendo em litígio sobre a situação enquanto a Cidade vai vivendo assim, e muitos dos habitantes até optaram por ter dupla Nacionalidade.
Olivença, situada no Distrito de Portalegre, seguindo a ideia Portuguesa, na margem Esquerda do rio Guadiana,  dista 23 km de Elvas, 24 km de Badajoz, 236 km de Lisboa e 424 km de Madrid.
Para lá chegar e no regresso pontos de interesse não faltam, vamos tentar aproveitar o maior número deles, ainda para mais optando pelo formato dia e meio com dormida já perto de Espanha. A mota para o efeito, a minha veterana Yamaha Super Tenere, ideal para quando a ideia é andar muito, quer pelo conforto, autonomia e uma total polivalência aliada a uma excelente capacidade de carga.
A partida para esta aventura deu-se em Mafra, com o habitual momento fotográfico frente ao Palácio Nacional da Vila. As previsões meteorológicas apontavam para alguns aguaceiros no Sábado mas sol no Domingo e temperaturas amenas tendo em conta que estamos ainda no Inverno não seria de esperar melhor.
Seguindo pela ponte Vasco da Gama até ao Montijo, para aí seguir em estradas Nacionais com pouco trânsito , como tanto apreciamos. Em Vendas Novas é uma paragem obrigatória para reconfortar o estômago, duas bifanas, uma imperial na esplanada enquanto ia olhando para o céu escuro a prever chuva contrariando as previsões, mas tal não aconteceu, nos dois dias. Entre Montemor e Évora há um desvio para Guadalupe com a indicação dos monumentos Megalíticos, e foi essa direcção que tomámos. 
Guadalupe é uma aldeia Alentejana, calma e pacata como todas as outras, pouca gente se vê na rua, o maior movimento é a passagem de carros ou motas em direcção ao Cromeleque. Da aldeia até lá são cerca de 4 kms. de terra batida bastante esburacada nesta altura do ano devido ás chuvas. Primeiro encontramos a indicação do Menir dos Almendres, mota estacionada, e a até lá só a pé, cerca de 300 mts. num caminho estreito rodeado de verde e animais como cavalos e porcos pretos que por ali vivem livremente.
Este Menir trata-se de um monumento megalítico isolado com 3.50 mts. de altura e está a cerca de 1000 metros de distância do Cromeleque.



O Cromeleque dos Almendres, é um circulo de pedras pré-históricas com 95 monólitos colocados em circulo criando um efeito fantástico e dos principais no género na Europa.
Montado na Super Ténere foi altura de gozar a estrada de terra até voltar de novo ao alcatrão e ir apreciando a paisagem Alentejana, maravilhosa nesta altura do ano. Passagem por Évora e o próxima destino era Reguengos de Monsaraz, base de descanso para esta noite, mas antes e aproveitando a luz de dia fomos até Monsarraz.



















Monsarraz é uma aldeia Mediaval, situada no alto de um monte e onde se alcança seguramente a melhor vista sobre o Alqueva. Toda a aldeia tem  pormenores deliciosos, seja numa porta, numa janela, numa esquina, numa fachada. Por muito que visite, consigo sempre alcançar nova paixão aqui. Apesar da hora, já final do dia, a presença de turistas é notória por aqui, principalmente Espanhóis.
 Já com o cair da noite desci à Cidade, apreciando o por do sol bem laranja, envolto em nuvens pretas. A dormida estava marcada para a Moira, unidade hoteleira já na saída de Monserraz a caminho do Alandroal, instalado numa quinta, que além dos quartos tem um restaurante onde se come bem e barato, e pela afluência que teve Sábado à noite é bastante popular na zona.
O pequeno almoço estava marcado para as 8 horas, pontualmente lá estava com aquela ansiedade de quem tem muito para andar de mota. Céu limpo, bastante vento e um ar frio, seria isto que me esperava durante a manhã. Equipamento vestido, mala na mota, motor a trabalhar, e vamos lá!
O Alqueva com o rio Guadiana é um cenário maravilhoso, fazê-lo de mota tem outro sabor, e para quem usa este tipo de veiculo percebe isso tão bem como eu. Como era cedo, antes de atravessar a fronteira, aproveitei para visitar o castelo de Mourão, era o único por lá aquela hora o que dá uma sensação de liberdade muito agradável. No alto das muralhas temos vista para o rio, aquele contraste de verde, azul e castanho é um cenário que supera em muito as nossas expectativas.









Passada a fronteira para Espanha, com o vento forte a querer dar novo trajecto à mota lá fomos seguindo estrada. Na primeira localidade, Villanueva del Fresno aproveitei para abastecer, 1.26€ o litro é de encher o depósito até à última gota, seguindo direcção Badajoz, encontra-se uma vila lindíssima, com um imponente castelo no topo, Alconchel.

Não resisti enfiar-me nas ruas da localidade em busca da estrada que levava ao topo da colina onde se encontrava o castelo, com entrada paga 1.50€ foi mais que recompensador este inesperado desvio. Do topo daquela torre a vista que se tem é qualquer coisa de extraordinário. Bem cuidado, com museu uma visita obrigatória para quem passa aqui e aprecia estes monumentos.
As placas iam indicando Olivenza, em Espanhol e lá chegámos a Cidade que deu o mote a esta aventura. Se está em território Português ou Espanhol não descobri, mas que aqui tudo se passa em Espanhol é mais que certo. É a língua que se fala e tudo parece tipicamente Espanhol.


Mas há sinais de Portugal, como por exemplo nomes de casas, as ruas tem placa com o nome Espanhol e por baixo em Português o escudo Português até aparece gravado na fachada da Igreja Santa Maria Madalena, construida por D. Manuel I no século XVI.


Olivenza é uma Cidade pequena, calma, pouco movimentada e aparentemente tem boa qualidade de vida.
 
De regresso a Portugal por uma estrada com piso exemplar, poucos quilómetros separam Olivenza a Elvas, cerca de 15 minutos. Já perto da Cidade Portuguesa temos uma série de curvas fechadas para descomprimir das longas rectas que atravessámos anteriormente.

Já em território Nacional, em Elvas, decidi visitar o Forte de Santa Luzia.
 Com entrada paga, 2€ vale a pena perder aqui algum tempo. O guia explicou a história do forte e pontos a ter em atenção, como a galeria que ligava por túnel o forte á Cidade e que actualmente aberto ao público num percurso com cerca de 150 mts. recuperado e devidamente iluminado, não aconselhável a quem sofra de claustrofobia.




















Em Elvas, seguindo a Nacional 373, direcção ao Alandroal, temos Juromenha no caminho, mais uma pacata aldeia na margem do rio Guadiana que senão fosse a sua imponente fortaleza iria passar completamente despercebida.


Sem esperar, foi aqui em Juromenha que alcancei o ponto mais alto da viagem. A enorme fortaleza num estado avançado de ruínas, com alguns edifícios a mostrarem obras de restauro, situa-se na margem do rio Guadiana e todo o aparato de paredes e casas degradadas criam um cenário espectacular, ainda para mais sendo o único por lá, naquela aparatosa construção que hoje é ruínas mas outrora já teve vida ali, uma sensação única.










Depois de Juromenha e completamente satisfeito com esta aventura de Fevereiro, próximo destino Mafra, seguindo por estradas secundárias livres de portagens, porque só assim faz sentido viajar de mota. Alandroal, Montemor-o-Novo, Vendas Novas com mais umas bifanas no Boavista, Pegões, Vila Franca de Xira, Bucelas, Malveira e chegada a Mafra pelas 18 horas ainda de dia e com 667 kms. feitos nesta Super Tenere.
Venha a próxima!






Mapa:













Mota: Yamaha XT1200Z 
Kms. feitos: 667
Média Consumo: 4.7 lts. aos 100kms. 
Despesas:
Gasolina - 48€
Alimentação - 28.50€
Outras - 3.50€
Alojamento : 25€
Total: 105€

DATA: 18 e 19 Fevereiro 2017

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