Mapa planeado para este Domingo:
A ideia foi juntar alguns amigos das duas rodas, aqueles que sei à partida estarem aptos para um desafio destes, sempre vão ser mais de 600 quilómetros num dia de Inverno com luz solar apenas até ás 18 horas e tudo por estradas nacionais e municipais, onde vias rápidas e portagens não são contempladas. As previsões meteorológicas são de um dia com bastante sol e frio.
A saída de Mafra foi
bastante cedo, ainda com o sol escondido, o ponto de encontro com os restantes elementos estava marcado para as 8.30h. em Porto Alto e tinha ainda uma hora de caminho até lá. Sem atrasos lá aparecemos os cinco bem agasalhados e depois do habitual reforço de cafeína e alguns minutos de conversa estávamos prontos para partir ainda antes das nove horas. Primeiro destino Tomar, seguimos em ritmo moderado pela N118 e 110 com bastante sol mas a temperatura insistia não subir dos 10 graus, passagem por Salvaterra de Magos, Marinhais, Muge, Almeirim, Alpiarça, Chamusca, Golegã, Entroncamento com as habituais paragens nos semáforos que teimavam em acender à nossa passagem, mesmo assim o trânsito era pouco ou nenhum e antes das onze horas estávamos estacionados à frente do Convento de Cristo no topo da cidade de
Tomar para a fotografia da praxe e aproveitámos para esticar as pernas com um passeio ao jardim do imponente monumento da terra dos Templários.
Foi altura de pôr os motores em movimento e continuar, até porque era a partir daqui que vinha a parte mais interessante, evitando o IC8 seguimos até Ferreira do Zêzere onde pela N238 direcção Cernache do Bonjardim tivemos muito provavelmente os melhores quilómetros deste dia, tal não era o estado irrepreensível do asfalto com umas curvas abertas rápidas onde se podia abusar do limite do pneu. Foi aqui também que começamos a ter contacto directo com a área ardida nesta zona do País no último Verão, uma visão desoladora no mínimo! Em Cernache do Bonjardim a nossa referência eram os 19 quilómetros da N237 até Figueiró dos Vinhos, aposta mais que ganha, um infinito número de curvas a subir, descer, apertadas, largas, daquelas que fazem a delícia para quem anda de mota. A partir daqui andámos um pouco baralhados com o entra e sai do IC8, porque as placas de indicação teimavam em nos colocar lá, era tudo que nós não pretendíamos neste tipo de aventura. Mas já na N110 e antes das 13 horas estávamos estacionados a entrada do castelo de Penela, o motivo como tantos outros que nos fez sair de casa hoje.
A vila é pequena e pouco ou nada movimentada nas ruas estreitas que nos conduzem até ao castelo no topo construído sobre enormes rochas, e só por isso já vale a visita, isto para não falar da vista desafogada e fabulosa que alcançamos sobre a serra da Lousã. Como estava na hora de almoço, motas estacionadas e a pé procurámos um restaurante aberto com mesa disponível, a oferta é escassa, mas no Bigodes um leitão assado fez as nossas delícias e deu-nos energia para a parte da tarde.
Havia duas hipóteses para chegar a Castanheira de Pêra, o IC8 que teima em aparecer em todo lado nesta zona e através da serra pela N347, prontamente optámos pela segunda opção. Piso um pouco estragado nalgumas zonas mas no geral bastante aceitável,
paisagem completamente pintada de cinza escuro pelos fogos, grandes encostas que fomos contornado em modo serpente, na subida, na travessia e depois na descida para Castanheira de Pêra. Nestes 45 quilómetros rodámos separados para se dar lugar ás fotografias em movimento e também para cada um aproveitar a estrada e a paisagem ao seu gosto e ritmo, viajar em grupo não significa andar o tempo todo colado na roda da mota da frente, ainda para mais quando o grupo se conhece e sabe a confiança que tem uns nos outros. Chegámos já os cinco juntos a Castanheira onde mudámos para a fatídica estrada da morte, a N238-1 até aparecer a placa com a indicação "Mosteiro" aldeia de Xisto, xisto esse que só vimos na bonita e verde praia fluvial da povoação.
Alguns momentos fotográficos registados, um pouco de conversa e contemplação com toda aquela beleza natural aproveitada pelo ser humano para criar um agradável espaço de lazer.
De novo montados nas motas, curva contra curva e lá fomos galgando estrada até Pedrogão Grande onde voltámos a parar na Barragem do Cabril que apresenta um nível de água bastante baixo, ainda para mais em pleno Inverno.
Passagem pela Sertâ, sem paragem seguimos pela N2 até Vila de Rei para subirmos ao Marco Geodésico de Portugal, onde teoricamente se situa o centro do país, aqui encontrámos muito vento e frio mas compensa pela majestosa vista que dali se alcança seja qual for a direcção que a bússola aponte.
N2 de novo, numa altura que a maior estrada de Portugal apresenta um percurso rápido e o sol se ia escondendo cada vez mais, mesmo assim a provocar autênticos encandeamentos sempre que batia de frente no capacete. Quando apareceu a indicação de Penedo Furado lá fomos nós pelas estradas estreitas a descer em direcção à praia fluvial. Cenário devastador aqui novamente, praticamente tudo queimado, para quem já viu esta zona verde parece irreal o estado actual, mas este era o último ponto de interesse planeado e não o quisemos deixar escapar.
A pouca água que corre no vale com as enormes encostas à volta dá-nos uma tranquilidade de pura natureza, são momentos destes que fazem valer a pena, sair e partir à descoberta. Até porque depois há as motas a nossa espera para nos darem adrenalina e emoção.
Após conversa entre todos ficou decidido que íamos trocar a ida por Ponte de Sor por Almeirim, assim depois de muitas curvas para sair da zona, em Abrantes seguimos o curso no Rio Tejo direcção Santarém, a certa altura havia carros parados em plena estrada para verem a tão falada nos últimos dias "espuma" no rio. Já com o sol posto e o céu em tons alaranjados parámos no miradouro do Castelo de Almourol perto do Arripiado.
Despedidas do Fernando que seguia em Santarém por AE para casa, o que se compreende já que no total fez mais de 700 quilómetros para passar este dia em nossa companhia. Já de noite estávamos de novo na N118 como aconteceu de manhã agora com mais trânsito. Em Muge aproveitámos para comer as enormes bifanas do Silas e aquecer um pouco, últimas despedidas do dia e lá passámos de novo pelo ponto de encontro em Porto Alto onde o Viegas seguiu para o Montijo, depois da Ponte de Vila Franca de Xira o Paulo seguiu pela A1 e eu com o António fizemos mais de uma centena de curvas até Sobral de Monte Agraço onde ficou e depois segui calmamente até Mafra.
Foi um excelente dia, longo ainda para mais porque estamos em horário de Inverno, muito vimos, mas muito ficou para ver!
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