segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Pirenéus-Picos 2017


Chegou a altura de revelar a minha Grande viagem desta temporada 2016/2017 que começou em Setembro com a Rota dos Faróis e mensalmente tem tido uma aventura até acabar na décima, a realizar de 10 a 18 de Junho com um dia extra o zero, que normalmente uso para fazer a aproximação à fronteira de saída do País. 
Vão ser dez dias de viagem divididos em quatro partes.
A primeira é a ligação de Mafra a Andorra, pequeno País entre França e Espanha, com principal destino turístico Andorra-a-velha, situada a mais de 1000 mts. de altitude, sendo a Capital mais alta da Europa na crista principal dos Pirenéus. Esta ligação vai ser feita com tempo e bem aproveitada porque temos pontos bastante interessantes pelo caminho.
A segunda parte da aventura e principal é a travessia dos Pirenéus, uma cordilheira no Sudoeste da Europa que criam uma fronteira natural entre França e Espanha, numa extensão de 430 kms. entre o Mar Mediterrâneo e o Oceano Atlântico. Vai ser numa alternância frequente entre os dois Países que vamos fazer o percurso descobrindo ao máximo todos os locais que vão referenciados no programa, e são tantos....
A terceira parte já com os Pirenéus nas costas começa em San Sebastian, no País Basco Espanhol à beira do Golfo da Biscaia, onde se iniciará a passagem pelos fabulosos Picos da Europa no Norte de Espanha.
Por fim a quarta parte, que pouco terá para contar, já que é o regresso a casa, numa maratona Riano - Mafra, com as indispensáveis paragens. Este Pirenéus-Picos planeado e organizado desde o passado Outubro, espera agora pela data da partida, para fazer equipa com a minha veterana Super Tenere, companheira de longa data e já habituada a estas distâncias maiores. 
Como todas as viagens as semanas e dias antes da partida são de enorme ansiedade, por muitas viagens que faça há sempre aquela sensação de que falta alguma coisa ou que algo não está bem com a mota. Os últimos preparativos foram montar pneus novos na ST, mudar velas porque o motor andava a falhar em baixas rotações, isto depois de ter feito revisão na marca á 2.000 kms., verificar mala de ferramentas com kit furos para pneus, cabos de bateria, mangueira gasolina, várias abraçadeiras, etc., preparar o essencial dinheiro bem como vários cartões bancários, verificar se a validade do cartão Europeu de saúde está em dia, comprar medicação básica para alguma anomalia que possa surgir como dores de cabeça ou estômago, constipações, e claro as dores musculares ou de corpo, saco de higiene pessoal, roupa para dez dias, com peças curtas para calor e outras mais quentes como precaução para dias ou noites mais frescas, calçado vão as botas da mota, um par de ténis e uns chinelos, equipamento impermeável já que não apanhar chuva naquelas zonas durante uma semana será muito improvável, material fotográfico com os vários carregadores para máquinas, tablet e smartphone, e assim se enche as três malas da mota.  Hotéis marcados através do BOOKING que permite além de conseguir bons preços, uma desistência de última hora sem custos.
E chegou o dia da partida, um dia antes, que normalmente intitulo de dia Zero, acaba por ser uma oferta que dou ás viagens que implicam a saida do País, fazendo a aproximação á fronteira, evitando assim que o primeiro dia seja longo e cansativo....Bem cedo junto do Convento de Mafra já com mota atestada e devidamente equipado, segue-se uma manhã de trabalho e a tarde terá como destino Castelo de Vide no Alto Alentejo. 
Dia 0 Mafra - Mem Martins - Marvão - Castelo de Vide - 321 kms.
O dia Zero o tal extra que gosto de implementar nas minhas viagens  fazendo a aproximação da fronteira, isto para quem vive a 300 kms. da saida de Portugal evita que o primeiro dia de estrada seja muito longo e cansativo. 
Depois de uma noite mal dormida com a habitual ansiedade nestas alturas, o dia começou cedo em Mafra com a habitual fotografia junto do Palácio Nacional, seguiu-se uma manhã de trabalho e depois  de almoçar no fast food mais próximo foi seguir caminho pela Ponte Vasco da Gama, Coruche, Ponte Sor, Montargil, Portalegre e Castelo de Vide sempre debaixo de um enorme calor, como tal na chegada à bonita Vila Alentejana segui directo para o hotel e aproveitar para relaxar na piscina, deixando a visita ao Marvão mais para o inicio da noite já mais fresco e com roupa mais leve, um clássico sempre muito interessante de visitar, até porque para lá chegar implica passar pela lindíssima estrada das árvores pintadas. De regresso a Castelo de Vide estava na hora de jantar e como a noite convidava a faze-lo ao luar assim aconteceu, uma volta a pé pela bonita Vila Alentejana e o merecido descanso se seguiu.

Próximo destino, Segóvia, uma Cidade que tenho imensa curiosidade em conhecer.
Dia 1 Castelo de Vide - Segovia 435 kms.
O dia hoje começou bem cedo, 7.30h. já tomava o pequeno almoço no hotel devidamente equipado para um dia de estrada que se previa quente, logo aproveitar as primeiras horas mais frescas era prioritário.
Poucos kms. depois aparece a placa de indicação "Espanha" e mais uma vez aquela sensaçao de liberdade apodera-se do meu pensamento, olho para o gps e o primeiro sinal de mudança de direcçao é 90 kms. pensamento imediato "seca de estrad
a", mas não! A N521 que segue até Caceres é espectácular, piso exemplar, curvas abertas, subidas, descidas e claro longas rectas, com a vantagem de ter pouco trânsito, nesse percurso duvido que me tenha cruzado com dez viaturas, isto incluindo as duas da guarda civil.
Depois autovia sem portagens até Plasencia onde tudo se transformou ao seguir caminho na N110, principalmente nos primeiros 50 kms. que são feitos a subir com curvas bem apertadas, até chegar ao topo da Serra Gredos onde se atinge os 1275 mts. de altitude. Curioso é que no vale onde vamos subindo predomina a plantação da cereja e nas pequenas aldeias que se passa o negócio é a venda dessa fruta, cheguei a imaginar-me já nos Picos da Europa mas isso ainda não é para já. O resto da N110 não deixa de ser interessante, mais rápida e sempre com grandes serras no horizonte algumas ainda com neve nos pontos mais altos.
Passagem por Ávila e as 14 horas em ponto estava à porta do hotel marcado para hoje já com a mota abastecida e um calor abrasador em Segovia. Foi tomar um banho, roupa leve e ir conhecer os famosos monumentos da Cidade, Aqueduto, Catedral e Alcázar. Jantar na esplanada e regresso ao hotel para o merecido descanso com a mota a marcar 35 graus às 23 horas locais, escusado será falar de temperaturas durante o dia.


Amanhã o dia é longo dedicado à estrada com a chegada aos Pirenéus
Dia 2, Segovia - Andorra-a-velha, 666 kms.
Hoje foi um daqueles dias de viagem que quem anda de mota e a utiliza para viajar melhor entende, teve do bom ao muito bom passando pelo menos bom.
A saida de Segovia já foi mais tarde que o costume, a recepcionista teimava que o pequeno almoço só podia ser servido após as 8.30h. Lá fui arrumando a bagagem na motas e uns minutos antes da hora estabelecida lá comecei então a comer. Os primeiros kms. de viagem, 188 mais concretamente foram até Soria na Nacional 110, estrada que  fiz na totalidade desde Plasencia até Soria, qualquer elogio a esta estrada será sempre modesto, a recomendar e a repetir! Nesta altura a temperatura andou abaixo dos 30 graus e rendeu muito bem a manhã. Depois lá continuei em direcçao a Saragoza com paragem em Tarazona num dos bares para refrescar a garganta e enganar o estomago com um bocadillo de presunto e queijo, uma das coisas boas em Espanha é que em qualquer bar se petisca e assim vai passando o dia sem estar uma hora sentado à mesa como no nosso típico almoço.
Com a passagem em Saragoza perto das 13/14 horas numa imensidão de vias rápidas que mais parecem um labirinto baralhando por completo o gps, lá me safei daquele pesadelo, este é só um dos motivos que evito ao máximo viajar de mota por grandes Cidades ou vias rápidas. Para ajudar o painel digital da mota começa a subir para cima de 35 graus de temperatura ambiente para não mais baixar. Entre Saragoza e Lleida é uma secura total, com 38 graus a NII é um sofrimento, nem de capacete aberto nem fechado, esqueci os radares e quis me despachar daquilo rapidamente.
Depois de Lleida aparecem as primeiras indicações de Andorra, no horizonte as enormes montanhas e tudo começa a ficar mais verde. Assim que se começa a atravessar os primeiros desfiladeiros e aparecem os enormes lagos mesmo à beira da estrada o chip muda automaticamente e esqueci que a mota continua a insistir em marcar 38 graus, que o meu fato apesar de bem ventilado me ofereceu uma sauna ao ar livre, que apesar de já ter bebido mais de 2 litros de água continuo a ter sede e até que as picadas das abelhas com o calor fazem uma comichão desgraçada, já nada interessa, vim para as montanhas elas estão ali e é lá que eu e a Super Tenere nos sentimos bem.
Chegada a Andorra pelas 17 horas com 666 kms. feitos desde as 9 da manhã, primeira bomba de gasolina foi para atestar, gasolina a pouco mais de um euro é de aproveitar. O hotel está bem localizado, com parque fechado e coberto, e já ao entardecer foi hora de procurar jantar e passear por Andorra a Velha. Optei por ficar aqui dois dias para amanhã com a mota mais leve poder absorver o maximo de toda a zona circundante.

Dia 3. Andorra, 261 kms. 
Aproveitando o segundo dia de estadia em Andorra la Vella, decidi ter um dia livre de programa, horários e gps. Fui andando e subindo e descendo os cols que iam sendo indicados nas placas. Andorra é pequeno e antes do almoço estava em Pas de la Casa onde aparece a fronteira com França, dei uma volta a pé pela Cidade, além de lojas nada mais tem para ver, petisquei alguma coisa no bar junto ao estacionanento onde tinha deixado a Super Tenere e fiz uma pequena incursão em França. Nesta zona as estradas estão sempre bem movimentadas com motos de várias nacionalidades, mas predominam as Francesas, Espanholas e algumas Inglesas, em Pas de la Casa questionaram-me se era Polaco por causa do P, não fosse esta zona um verdadeiro paraíso para quem se desloca em duas rodas. Com temperaturas já aceitáveis abaixo dos 30 graus fizemos 261 kms. sem preocupaçoes de destino ou horário. Quando o calor apertou voltei ao hotel para descansar, saindo mais ao entardecer para procurar umas luvas, já que as minhas decidiram dar por terminada a sua missão logo no inicio deste Pirenéus-Picos 2017, e jantar a tão desejada paella, exactamente na mesma esplanada onde em 2015 tinha desgustado o saboroso prato no regresso do Stelvio Pass. Andorra vai deixar saudades, senão for antes em 2019 conto voltar no regresso de alguma viagem.

Amanhã volta as tiradas programadas já que o hotel está marcado em Biescas, e é o inicio da segunda parte da viagem, com a travessia dos Pirenéus, vão ser três dias para o fazer até chegar a San Sebastian com muito para ver.




Dia 4 Andorra-a-velha Sort Viella Biescas 427 kms.
Mais um dia quente de viagem com quatrocentos e alguns quilómetros feitos em estrada de montanha num saltitar entre Espanha e França e num sobe e desce constante de cols para ultrapassar as montanhas que iam aparecendo no caminho, com muitas quedas de água, vários túneis que era a única altura que se sentia um ar fresco, muita curva e claro motas e mais montas por todo lado, escusado será dizer qual o modelo mais visto em todo lado, em cada dez oito certamente são GS's 1200, mesmo assim já devo ter-me cruzado com meia dúzia de XT's 1200.
A saida de Andorra dá sempre um pouco de tristeza, se há lugar que gostasse de viver era ali. A passagem da fronteira foi cedo sem qualquer tipo de controle, e assim que apareceu a placa com indicação Sort pela N260 voltou de novo o ânimo, ainda fresco com nenhum trânsito foi curtir a magnífica estrada ao máximo. Depois voltaram os cols com muitos ciclistas que não entendo onde vão buscar inspiração para passar por aquele "sofrimento", falamos de subidas de 15/20/30 kms. Incrível! 

Seguiu-se Viella, Saint-Lary-Soulen onde se sobe muito com uma vista deslumbrante e se passa para Espanha através de um túnel a descer de 3 kms. Já em Espanha retomei a N260 no km. quatrocentos e tal, a tal estrada onde esta manhã rolei nos kms. das duas centenas, Fiscal com uma paragem para um lanche rápido, Sorrosal onde ao ouvir o som de uma enorme queda de água não resisti fazer uma curta caminhada debaixo de um sol abrasador para ir ver a imponente cascata, seguiu-se  Biescas onde tinha alojamento marcado. Como era cedo cerca das 17 horas, refresquei-me e após uma troca de ideias com o recepcionista do hotel lá arranjámos uma volta de cerca de 75 kms. até ao jantar. Subi até Balneario de Panticosa numa das muitas estradas reviradas de montanha que tenho encontrado nesta Aventura, com muita queda de água pelo caminho, lá em cima a estrada acaba numa estância termal num imenso vale paradisíaco com um enorme lago rodeado de umas imponentes encostas verdes onde se vêm várias quedas de água vindas do topo.
Biescas situa-se no imenso Valle da Tena, uma zona de grandes montanhas e lagos gigantes, que amanhã aprofundarei melhor e será a continuação desta Aventura...
Dia 5 Biescas - Ordesa - Valle do Tena - Formigal - Gavarnie - Luz St. Sauver - 346 kms. Este dia 5 tinha no pograma 185 kms. e acabou por 346 marcados no painel digital da Super Tenere.

Saida cedo de Biescas em Espanha, decidi e bem fazer um desvio até ao parque nacional de Ordesa e Monte Perdido, até porque para lá chegar tinha que repetir os 27 kms. de curvas da N260 tanto para baixo como para cima, mas valeu bem a pena é uma zona num vale gigante com rio a vir das encostas, como estava folgado de tempo andei por lá perdido, no bom sentido claro, até estrada de terra fiz, supostamente acesso a um parque de campismo mas às tantas decidi voltar para trás.Uma das vantagens de viajar sozinho é mesmo essa, somos donos do nosso tempo, e gerimos tudo como entendemos, este estupendo acréscimo que introduzi ao programa inicial é a prova concreta disso mesmo.
De volta a Biescas onde tinha passado a última noite e de barriga cheia de curvas, novo abastecimento e segui pelo Valle de Tena, zona de muitos e grandes lagos de água azul e altas encostas verdes, uma zona a lembrar já os Picos da Europa em formato XXL, Formigal grande estância de ski no Inverno foi onde aproveitei para comer uns bocadillos de presunto e queijo numa esplanada paradisíaca com vista para um enorme lago. Depois foi um sobe e desce novamente de cols, quatro devidamente documentados através de fotos que poderão apreciar mais abaixo no Album, no terceiro Col o de Soulor, estava a 35 kms. do hotel, mas a descida estava cortada e obrigou-me a fazer um desvio de cerca de 100 kms. com passagem em Lourdes e tudo, atrasou a chegada ao hotel em duas horas e assim também está explicado o número extra de kms. para hoje.
Mas lá cheguei ao lindissimo hotel em Luz St. Sauveur, pequena aldeia, estrategicamente bem escolhida por estar a 20 minutos de Gavarnie. Banho tomado, roupa leve e de novo na mota no caminho que nos levava a um dos grandes momentos da viagem. São 20 minutos numa enorme garganta sempre ao lado de um rio e com as altas encostas com um verde escuro sem igual. Mota estacionada, apareceu uma Sra. de bicicleta a dizer que o parque era pago 1€, prontamente paguei. Casaco e capacete nas malas, levar só água e material fotográfico e lá segui, mais de uma hora certamente até ao incrível Cirque de Gavarnie, cheguei lá encharcado que o calor mesmo ao fim do dia apertava e bem. Mas valeu a pena, não sei se lá volto, mas aquele momento já fez compensar toda esta viagem, verdadeiramente impressionante, ainda por cima a hora que lá cheguei era a única pessoa por lá. De volta a mota e a descer até pareceu mais curto o regresso até à vila. Regresso ao hotel para o merecido descanso. 
Gavarnie é uma pequena aldeia Francesa situada no Parque dos Pirenéus a 1400 mts. de altitude. A cerca de uma hora de caminhada encontramos Le Cirque de Gavarnie, classificada como património Mundial da Unesco, uma queda de água de 422 mts. de altura, a maior da Europa. Para terem uma ideia as torres mais altas da ponte 25 de Abril sobre o rio Tejo têm 190 mts. acima do mar, esta cascata gigantesca tem mais do dobro. 




Dia 6. Luz St Sauveur - Lourdes - Biarritz - San Sebastian - Astigarraga - 355 kms.
Mais um dia de viagem que não sendo tão estimulante como os três anteriores não deixou de ser interessante. Como as previsões indicavam houve uma mudança radical na meteorologia, cerca de 10 graus a menos 
i ficando pouco acima dos 20, céu muito nublado e chuviscos em certas alturas, mesmo assim arrisquei não montar o forro impermeável do equipamento e não chegou água à pele.
Tinha dois cols previstos para hoje, no primeiro logo nos primeiros kms. apareceu um nevoeiro que mal se via, decidi prontamente abortar a subida, seria perigoso e lá em cima pouco ou nada iria ver. Decidi seguir directo para Lourdes, um local estilo Fátima mas em ponto mais pequeno, a Cidade em redor do Santuário é um mundo de hotéis, cafés, restaurantes, lojas, já tinha lido que é a Cidade Francesa com maior percentagem de hotéis por metro quadrado, não duvido! Mesmo assim tudo é calmo e sereno até a nível de trânsito com bastantes parques de estacionamento, viajar de mota tem certas vantagens, como poder estacionar perto da entrada sem pagar. Não sendo muito ligado a crenças religiosas senti em Lourdes uma ar de extrema tranquilidade, e claro é impossível ficar indiferente a toda a arquitectura do edifício, maravilhosamente belo.

Com uma enorme paz de espírito segui viagem, seguindo as indicações do gps e deixando a mota deslizar até porque trânsito era pouco ou nenhum. Adoro viajar nas nacionais Francesas, se bem que a gasolina apresenta preços ao nível de Portugal, mais de um euro e meio por litro, mas está tudo bem sinalizado, linhas no alcatrão bem marcadas, sempre um enorme verde em redor e quem anda de mota sabe o que é respirar esse ar fresco, aparentemente não há controlo policial, ao contrário de Espanha em que carros da guarda civil e policia estão e aparecem em todo o lado. O sentido da bússola era sempre Oeste até chegar a Biarritz e à margem do oceano Atlântico, aqui havia uma enorme confusão de pessoas e motas, sem procurar dou comigo e à Super Tenere na porta do recinto do Wheels and Waves, estava explicado! Devem ter estranhado uma mota daquelas com um fulano com traje adventure ali, mas como aquela nao é a minha praia segui o meu caminho.
Uns kms. à frente apareceu a indicação de St Jean de Paul. decidi ir ver e realmente a praia é maravilhosa. Pouco depois estava no hotel em Astigarraga, a cerca de 10 minutos de carro até San Sebastian, mais uma Cidade à beira mar neste enorme golfo da Biscaia, onde pelo cair da noite fui jantar e aproveitar para conhecer um pouco.
Assim terminou a segunda parte deste Pirenéus-Picos 2017, nos próximos dias estou em modo Picos da Europa, uma zona que domino bem, mas mesmo assim vou tentar criar alguns momentos originais.
Dia 7. San Sebastian - Potes - Fuente Dé - Ojedo - 456 kms.
Cada vez mais perto de casa, este dia 7 foi longo e bem rodado, 456 kms. no total, em que os primeiros 405 foram a ligação Astigarraga Ojedo onde tinha hotel marcado para este noite.
Com a manhã a começar chuvosa e fria, foi altura de montar forro impermeável no equipamento e calçar luvas de Inverno que vinham no fundo da mala para uma eventualidade destas. Chuva, nevoeiro, vento, frio, até soube bem para acalmar todo o calor suportado nos últimos dias, pessoalmente gosto de conduzir moto nestas condições, há uma maior atenção e entrega à máquina, parece que criamos uma ligação mais próxima, serras sem qualquer ser vivo à vista, algumas vias rápidas sem portagem, bastantes camiões nalgumas zonas, estradas só de uma faixa, o gps lá foi indicando o caminho para Potes. Já com as grandes montanhas à vista o céu começou a ficar azul novamente e o calor voltou. Deste caminho todo o melhor foi mesmo os últimos 50 kms. até Potes na estrada que vem de Plasencia, na subida da montanha Palentina em que no topo a 1450 mts. de altura se encontra o mirador Piedras Luengas com uma vista descomunal, são 25 kms. a subir outros tantos a descer sempre com a mota inclinada, um delírio para quem tiver oportunidade de a fazer.


Chegada ao hotel antes das 14 horas, 405 kms. feitos e devidamente documentado como gosto de fazer nas minhas viagens, ouço muitas pessoas dizer fui aqui e ali de mota, mas registos desses feitos são poucos ou nenhuns, além da minha paixão por fotografia, como é óbvio. Almoçado e com duas paragens para abastecimento outras tantas para as fotos do costume que ajudam a esticar as pernas, refrescar a garganta e verificar se na mota está tudo nos conformes. Foi deixar a bagagem e seguir para Fuente Dé, já lá tinha estado mas nunca subi no teleférico, hoje estava decidido que o iria fazer, à troca de 17€ ida e volta numa viagem que não dura mais de 4 minutos lá fui e realmente não faz a mínima impressão, até faz mais ver o teleférico cá de baixo ou lá de cima suportado pelos cabos do que lá dentro. No topo vista é deslumbrante principalmente num dia de céu limpo como tive a sorte de apanhar hoje. No regresso ao hotel parei na bonita Vila Potes para lanchar/jantar já que já eram 18 horas locais numa bonita esplanada com vista para a ponte Romana, já no hotel até ao entardecer relaxamento total na piscina do hotel.
Segue-se um dia totalmente dedicado aos Picos da Europa na terceira parte desta aventura. É a quinta vez que cá venho, já cá estive duas vezes com a V-Strom, uma de carro, outra de XT que desta vez bisa a zona, e até acredito que ainda cá volte mais vezes, por isso será um dia para revisitar lugares que tanto adoro...
Dia 8, Ojedo - Sortes - Covadonga - Cangas de Onis - Riano - Huergano - 260 kms.
Hoje dia nos Picos da Europa, terminando assim em Huergano a 8 kms. de Riano a terceira parte deste Pirenéus-Picos 2017.
O parque Nacional Picos da Europa já não me cria grande expectativa, esta foi a quinta vez que visitei a zona, mas dá-me uma enorme satisfação sempre voltar a este enorme conjunto de montanhas cheias de desfiladeiros e estradas em forma de serpente. Comecei o dia com a subida até Sortes, numa estrada fabulosa, lá encontram-se uns bares e lojas de recordações, café tomado e toca a descer, desfrutando da mota mas sempre com atenção aos animais que livremente se encontram na estrada. Passagem pelo vale de Poncebos, outra obra conjunta da natureza com o homem digna de se elogiar e apreciar. Covadonga onde encontrei o simpático casal amigo Miguel e Silvia, dois dedos de conversa, visita à bonita capela embutida no rochedo, e toca de subir mais 12 kms. em direcçao aos lagos, o primeiro que se encontra é o Enol, o seguinte estava cortado o acesso e com o calor que fazia nem pensei em fazer a caminhada até lá, espectacular o cenário verde com a água, as montanhas e as vacas ali à solta já familiarizadas com a presença de pessoas.

Segiu-se Cangas de Onis, onde voltei a encontrar o grupo de Portugueses que acompanhavam o Miguel e a Silvia, umas recordações compradas, um gelado comido e de novo estrada de montanha com muitas curvas até Riano, quase 80 kms. num gigantesco vale com destaque para o dos Beyos, uma maravilha para quem anda de mota. O hotel para hoje, noite de despedida dos Picos é em Boca de Huergano na entrada dos Picos, mais ao entardecer voltei a pegar na mota e ir ver o enorme lago de Riano já com o sol a por-se. Jantar no hotel, bom por sinal com comida típica da zona, tal como faço questão de fazer por onde passo.
Mota atestada, amanhã quarta e última parte da viagem, numa longa maratona Riano a Mafra, mais de 700 kms. em que paragens só serão mesmo as indispensáveis.
Dia 9 Riano - Mafra, 827 kms.
Último dia de viagem, e quarta parte da aventura, a ligação directa de Boca de Huergano a Mafra, segundo o GPS seriam 770 kms. para tal, decidi levantar cedo, tomar o pequeno almoço e seguir em ritmo aberto nas primeiras horas do dia. mais frescas e menos trânsito. A estrada junto da barragem de Riano é fabulosa, depois é continuar em direcção a Leon, Zamora, Salamanca, Cuidad Rodrigo, sempre com vias rápidas não pagas. Com quatro horas rodadas, em que houve duas paragens para abastecimento estava na fronteira de Portugal, com 420 kms. feitos.

Em Portugal segui pela estrada nacional, tal como em toda a viagem, e as que faço, uma das regras é não pagar portagens, só assim se conhece e absorve todos os locais por onde se passa, Penamacor Castelo Branco, Vila Velha Rodão, Nisa, Ponte Sor, Couço, Montijo, Loures e Mafra, num total de 827 kms. debaixo de temperaturas abrasadoras, chegadas a Mafra pelas 17 horas.

Foi com alguma tristeza que na entrada em Portugal encontrei o céu com bastante fumo no ar e um cheiro intenso a queimado, na passagem pela serra da Malcata cheguei a pensar que seria fogo por ali, só numa paragem que fiz em Vila Velha de Rodão para comer alguma coisa num café vi na televisão as noticias da tragédia de Pedrogão Grande, o resto da viagem foi com essa mágoa na cabeça.A mãe Natureza tanto nos dá o melhor como tive oportunidade de receber na passagem nos Pirenéus e nos Picos da Europa, como nos castiga severamente, e quanto a isso o homem nunca será capaz de se proteger. 
Chegado a Mafra depois de 4.362 kms. feitos em dez dias numa média diária impressionante, para terem uma ideia fora dezassete abastecimentos, uma grande satisfação de mais um objectivo antigido sem azares ou avarias.
Senão for antes, voltamos em Outubro com novo destino....

ALBUM DE FOTOS

Total de kms.: 4.362
Mota: Yamaha XT1200Z
Média consumo: 4.6 lts./100kms.

Despesas:

- Hoteis - 382€
- Gasolina - 303€
- Alimentação - 434€
- Outras - 34€

Total: 968€

(Total estimado antes da partida: 1000€) 

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Yamaha XT 1200 Z Super Tenere, o teste que me fez escolher a ST em 2012

 


Yamaha XT 1200 Z
     Super Ténéré






Passados quatro anos da compra da Yamaha XT1200Z , altura de recordar o teste que fiz e que viria a ser fundamental na escolha da mota. 



 Lançada em 2010, esta XT 1200 Z da Yamaha é mais uma Maxi-Trail de grandes dimensões, com aptidões turísticas, mas com carácter muito vincado para o todo o terreno.
 Equipada com motor de dois cilindros em linha, com 1.199 cc, e 110 cvs. de potência máxima, atingida ás 7.250 RPM. Este motor é um poço de força, com uma resposta pronta e precisa em qualquer rotação, permite por exemplo, rodar em 6ª nas 2.000 RPM, sem o motor bater, com resposta imediata quando solicitada pelo punho direito.
 O peso anunciado pela marca de 261 kgs. não se faz notar, quer em manobras com recurso aos pés, quer circulando entre o trânsito, é uma mota muito ágil, apesar do tamanho que aparenta.
 O controle de tracção, tem dois modos, que aparentemente não se nota grande diferença. No decorrer do teste foi accionado duas vezes, mostrando total segurança, quando a potência dada á roda traseira é em demasia. O sistema pode ser desligado. A colocação do botão de mudança/desligamento, não me pareceu a melhor, está colocado na parte lateral esquerda dos manómetros, sendo necessário pressionar o botão durante uns segundos para a fazer a mudança dos três modos disponíveis, impracticável em andamento.

 O motor desta XT 1200 Z tem dois modos de potência, o normal e o desportivo. A comutação é feita através de um botão colocado junto ao punho direito, pode ser feita em andamento, mas é preciso desacelerar. A diferença nota-se, no modo S, desportivo, a rotação sobe mais depressa e a passagem de caixa é mais rápida e brusca, afectando claramente o consumo.
 Na marginal, com o pára e arranca dos semáforos, utilizei o modo D, onde tudo se passa calmamente, mesmo assim, a condução é divertida. Com estrada aberta mudei para o desportivo, e o comportamento da mota torna-se nervoso, convidando a acelerar, chega a ser dificel nesta Super Ténéré andar descontraído, tal a resposta do motor.
 No modo S, a rotação sobe rapidamente, chegando muito facilmente ás 7.000 RPM, o recurso á caixa de velocidades é frequente. Uma versão com caixa automática era bem vinda.
 A velocidade máxima atingida foram os 220 kms/hora e fica mesmo por aí, já pouco faltava para entrar no red line. Se o número não impressiona, pode impressionar a facilidade com que lá se chega, aliado a uma grande estabilidade da mota, sem vibrações, ou até turbulência no capacete.


A travagem com ABS é combinada pelas duas rodas. É eficaz e precisa.
 O banco do condutor, é regulável em altura. Na posição mais baixa, permite pousar bem os dois pés no chão. Sinal mais para o banco, quer para condutor bem como para passageiro. Tem um tecido anti-derrapante e uma esponja bem suave.  Fazer kms. em grande número não aparenta ser aqui problema.
 O ecran que equipa esta Yamaha, protege bem, para os mais exigentes ou altos, há um maior como opcção.
 A nível das pernas, a protecção aerodinâmica é exemplar, ficam perfeitamente encaixadas no enorme depósito de 23 lts.
 Claramente, esta mota foi pensada nos grandes aventureiros, que não dispensam uma viagem de longa distância, com ou sem companhia. Todo o conjunto muito convida a isso, ainda para mais, acessórios para isso não faltam.

Ponto negativo, não haver indicação da velocidade engrenada no painel digital. Painel esse, bastante completo, com várias médias de consumo, temperatura ambiente, temperatura do motor, alguns contadores parciais de kms. e claro os indicadores de modo de potência e de tracção.
 A colocação do descanso lateral está longe de ser a melhor, encosta no pousa pés, para o accionar é preciso andar á procura dele.
 A média que a mota apresentava antes do teste de uma hora, com cerca de 50 kms. era de 6.4 lts./100 kms. Ao chegar ao fim, mostrava 7.2 lts. O uso do modo Sport pode ter sido a causa. Mesmo assim, parece-me demasiado. Fica a nota de atenção para os potenciais interessados.

 Em estrada de serra, que liga o Guincho á Malveira, esta Super Ténéré mostrou-se uma devoradora de curvas, tal a leveza que o conjunto proporciona ao condutor, aliada a uma resposta sempre alegre no punho direito, sem esquecer uma posição de condução descontraída e perfeita.
 O som que sai do escape original, em ralênti é algo irritante, mas com o subir de rotação transforma-se para bem melhor, ouvindo-se bem quando anda perto da linha vermelha.
 Quando a estrada piora, esta mota sente-se como peixe na água. A condução em pé é óptima, qualquer buraco ou lomba não se faz sentir. Houve uma clara preocupação da Yamaha em preparar esta XTZ para os aventureiros mais destemidos. Até os pousa pés são metálicos anti derrapantes, com borracha no interior.
 Fora de estrada, tudo se passa naturalmente, com as suspensões de longo curso a fazerem o seu trabalho superiormente.


 Em conclusão, Esta Ténéré na versão maior feita até hoje, é uma mota notável em todos os aspectos, apenas pecando nalguns pequenos pormenores, nada relevantes na avaliação final do modelo.
 Desportiva, turística,trail, aqui falamos do melhor que se pode ter nestes três distintos Mundos. Tudo na Yamaha XT 1200 Z. 





Preço : 15.400€ + legalização

Extras disponíveis :

Saco depósito 123.63€
Top case Alumínio 356€
Malas Laterais 423(dta.)+393(esq.)+172(suportes), tambem disponíveis em preto, ligeiramente mais baratas
Punhos aquecidos 336,63€
Vidro alto 152€
Kit deflector 102€
Protecção de motor 305€
Prtotecção cárter 152€
Protecção ópticas 91€
Farois auxiliares 427€
Escape Akrapovic 893€
Autocolante protector depósito 21,43€

Muitas opcções para criar a Yamaha Super Ténéré ao gosto de cada um. Muitos kms de prazer e boa disposição vos esperam.


Avaliação 0-10

Conforto - 9
Caixa de velocidades - 9
Protecção aerodinâmica - 10
Motor - 9
Travagem - 9
Preço - 9
Visual - 8
Suspensão - 9
Desempenho - 9
Consumo - 7


Média total - 8.8

ALBUM DE FOTOS

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

À conquista de Dornes!

Janeiro, mês da quinta aventura, das dez que planeámos até Junho de 2017, altura que fechamos a época 16/17 com a grande viagem brevemente a ser divulgada.
O destino escolhido, foi um desafio do António Viegas, grande companheiro de viagem em mota, como por exemplo a incrível N2 , DORNES, a mítica terra dos Templários, Vila situada no Concelho de Ferreira do Zêzere, distrito de Santarém numa pequena Península á beira do Rio Zêzere.
É o que fomos descobrir neste frio Domingo de Inverno.
Ainda sem o sol visível já estava frente ao convento de Mafra para a habitual foto de partida, o ponto de encontro com o Viegas estava marcado para as 8.30h. em Porto Alto, e tinha pela frente uma hora de caminho com a incógnita se apanharia gelo ou não na estrada, coisa que com as devidas precauções acabou por não atrapalhar o ritmo, mesmo com a Tracer a marcar -1 grau em Bucelas, com tudo branquinho naquele vale. Em Vila Franca de Xira como ainda tinha 10  minutos de margem decidi parar na zona ribeirinha do rio Tejo.

Deparei-me com um intenso nevoeiro na zona que seria nosso companheiro na N118 até Tomar com a temperatura a teimar em não subir do 1 grau no painel da Tracer. Mas nada que a satisfação de andar de mota aliada a um bom equipamento não torne a situação suportável.
Em Porto Alto, á hora certa lá estávamos com a Triumph Tiger 1050 e a Tracer 900 prontas e disponíveis para enfrentar um dia de estrada ao mais alto nível.


Dois cafés e dois pasteis de nata, corpo aquecido no interior da pastelaria e a N118 esperava por nós, sim porque estas viagens não incluem portagens ou auto-estradas, com a qualidade de estradas nacionais que temos andar a pagar para gastar gasolina sem ver nada é um autêntico sacrilégio. Com bastante frio e nevoeiro lá fomos seguindo para Norte com passagem em Muge, Almeirim, Alpiarça, Golegã e a chegada á bonita cidade de Tomar já com sol e céu limpo, seguimos directamente para o imponente Convento de Cristo.  E aqui iniciava a segunda parte da nossa Aventura.

Dornes estava perto, cerca de 25 kms. de Tomar e a estrada até lá prometia ser agradável para este tipo de motas. O GPS do António Viegas ia escolhendo a estrada mais revirada, sobe, desce, curva e mais curva e lá chegámos ao destino, Dornes.
A pacata terra, que quase como esquecida está ali inserida no rio Zezêre rodeada de água e verde, criando um reflexo espelhado no rio único e maravilhoso. Ponto mais alto da localidade é a original torre pentagonal de cinco frentes construída por pedras castanhas e cinzetas criando painéis de uma beleza extrema.


Muitas fotografias tiradas em redor, porque ali estamos num autêntico paraíso semeado no rio, e com um sol destes em Janeiro é de aproveitar mesmo. Em Dornes há algumas opções para almoçar, mas como era meio dia e meia hora e a fome ainda não dava sinais decidimos seguir até à Sertã.















 Continuámos em direcção à Sertã numa estrada de serra com piso exemplar sem qualquer trânsito em que as motas deslizavam num ritmo solto numa trajectória perfeita com o som dos tri a intrometer-se no silêncio natural da zona, simplesmente fabuloso!


Sertã é uma Vila que nos inspira tranquilidade, com o rio Ocreza a atravessar a vila, há várias pontes para o atravessar, umas pedonais outras para carros, mas é a ponte Romana que mais chama e atrai as atenções, até porque é junto a si que está o Restaurante Ponte Romana onde almoçamos uma saborosa chanfana.


Bem almoçados, ainda com muita luz do dia pela frente, foi altura de montar na Tracer e na Tiger novamente e partir, próximo destino Vila Velha de Rodão, até lá o GPS proporcionou-nos talvez os melhores quilómetros da viagem, sinal mais para a nova funcionalidade do Tom Tom Rider, que permite incluir percursos sinuosos no trajecto. Estrada de montanha com curvas abertas num subir e descer constante, uma maravilha para estes motores de três cilindros, até porque carros poucos ou nenhuns existem por ali. A proposta do Viegas na chegada a Vila Velha de Rodão era entrar pela serra, prontamente disse que sim, um alcatrão em estado perfeito, bem marcado no chão e devidamente sinalizado fizeram-nos chegar ao centro da Vila pela parte mais alta alcançando logo a vista sobre o rio Tejo. Decidimos subir ás portas do Rodão até ao castelo do Rei Vamba, e aqui tivemos outro ponto alto da aventura.
Não só pela espectacular estrada que nos leva até ao cimo das portas, e isto só para quem viaja de mota é interessante, mas pelo pequeno castelo muito bem tratado no topo da colina,e claro, o panorama que temos cá de cima com vista sobre o rio Tejo e do tão conhecido estreito que forma as portas do Rodão. Não deixem de visitar numa passagem por aqui.














A N18 era a estrada que nos acompanhava agora, inicialmente com muita curva e das boas, mas depois de Nisa, atravessando já o longo Alentejo só dava mesmo grandes rectas passando por Estremoz, Arraiolos, Montemor-o-Novo e Vendas Novas onde parámos depois de uma hora e cinquenta minutos a devorar estrada até porque a noite caiu com o consequente frio e a vontade de despachar caminho superava a ideia de parar para ver algo mais que ficasse na rota.


Nada melhor que umas bifanas e imperiais no Boavista para aconchegar o estômago e seguir até casa já por percursos diferentes, o Viegas pelo Montijo, eu em direcção a Porto Alto, Vila Franca, Malveira e Mafra, completando os 593 kms. pelas 20.30h. num 100% fora de portagens ou vias rápidas.




Os dois Aventureiros desta Conquista a Dornes, António Viegas e Carlos Tavares.













Data: 22 Janeiro 2017
Mota: Yamaha Tracer 900 / Triumph Tiger 1050
Kms. feitos: 593 na Tracer 

Média de consumo: 4.3 lts./100 kms. na Tracer 
Despesas Carlos Tavares
Gasolina: 43€
Alimentação: 19.50€

Total: 62.50€


ALBUM DE FOTOS

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

N9 Torres Vedras a Alenquer


Hoje foi dia de fazer a fabulosa N9, 30 kms. que ligam Torres Vedras a Alenquer ou vice-versa. Décimo quinto dia de 2017, manhã muito fria de Inverno com o verde dos campos agrícolas pintados de branco, mas um sol incrível, condições aceitáveis para tirar a Sprint 1050 da garagem e fazer-me à estrada.
De Mafra a Torres Vedras são cerca de trinta minutos e com oportunidade de gozar a N9-2 onde a sprint disponibiliza modo diversão extra. Já na Cidade do Oeste, foi tempo de ir até ao centro histórico, parar a Sprint frente á Igreja São Pedro e tomar um café acompanhado do doce típico da zona, pastel de feijão.
A N9 está ali bem no centro com indicações para Alenquer ou Cadaval, são 30 kms. de estrada revirada, se bem que o caminho até Merceana, 17 kms. atravessa algumas povoações com semáforos limitadores de velocidade e com o asfalto algo degradado, mas a partir daí são 13 kms. até Alenquer 
em que só dá mesmo direito a curvas  
num piso exemplar, o sinal que está colocado quer em sentido Este como Este não engana mesmo, quando aparece a indicação da chegada a Alenquer vindo de Torres fica a sensação que esta N9 podia continuar assim durante muito mais terreno.
Logo na entrada há um desvio á direita com indicações da Vila Alta, um desvio por lá vale bem a pena, conseguimos alcançar uma vista espectacular.




Cá em cima conseguimos ver toda a baixa da Vila atravessada pelo rio Alenquer que nasce na Serra Alta e desagua na margem direita do rio Tejo. Seguindo a estrada empedrada encontramos o Palácio Municipal de Alenquer com uma fachada lindíssima, mas apenas visitável durante a semana.

A calma nestas ruas ao Domingo bem cedo é algo que apreciamos ainda para mais numa manhã gelada, dá para parar a mota na estrada, montar o equipamento fotográfico, captar o momento, isto sem incomodar ninguém ou ser incomodado.



Se subimos até ao topo da Vila houve que descer e passar na zona ribeirinha em que as Ruínas da Empresa Lanificios Tejo salta á vista pela imponente fachada vermelha e a alta chaminé forrada a tijolo.

De volta á N9, caminho agora feito para Oeste com o sol nas costas prometia ser mais alegre e de punho solto até porque a estrada já era nossa conhecida e assim acabou por acontecer permitindo ao tri Inglês soltar-se e roncar mais alto. Um pormenor ao longo desta estrada são as fachadas de Igrejas existentes ao lado da estrada, pelo menos três vimos e a Sprint não perdeu a oportunidade de pousar junto delas.                                                  
Assim se passou uma manhã de Inverno, cerca de 170 kms. com a volta toda, 15€ de gasolina, dois cafés e dois pasteis de feijão, ingredientes mais que suficientes para se desfrutar esta Sprint 1050 no terreno que ela mais gozo de condução dá, estrada aberta e sinuosa.  
 

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Yamaha TRACER 900, um Ano e 10.000 kms. em teste

Foi em Janeiro de 2016 que decidi comprar a Yamaha Tracer 900, novidade do ano anterior da marca Nipónica, que apresentava neste novo ano uma nova cor, Mistral Grey, que depressa me seduziu. Com um preço simpático em relação á concorrência, um aspecto moderno e agressivo, bastante electrónica disponível de série e ainda extras com preço razoável, fizeram com que esta Yamaha tivesse á partida tudo para ser a minha segunda opção, já que a primeira continua a ser a intocável XT1200Z, e até porque precisava de ter uma substituta á altura da saudosa Suzuki V-Strom 1000, que me acompanhou durante 9 anos e quase 100.000 kms.                                                                                                                
  A mota foi entregue no final de Janeiro no concessionário de Sintra no Algueirão, onde à um ano atrás tinha tido o primeiro contacto com esta mota e que me cativou bastante. Saiu do stand com os seguintes extras da marca, banco confort, punhos aquecidos controláveis no painel digital com três níveis de 0 a 10 de intensidade, malas semi rigídas com suportes extractíveis e autocolante protector de depósito. Preço final, perto dos 11.000€                       


Sendo uma segunda opção, a Tracer foi usada neste primeiro ano só em deslocações diárias para o trabalho, cerca de 50 kms., pequenos passeios de fim de semana e nalgumas viagens de um ou dois dias, maioritariamente  em estradas nacionais, evitando ao máximo vias rápidas ou auto-estradas. É aqui que esta mota se evidencia pela resposta pronta do tri cilíndrico de Iwata em qualquer regime de rotação, ainda para mais tendo disponível três modos de potência, o STD para uso normal, o A quando se quer ter toda a cavalagem em resposta ao punho direito e o B, mais comedido, recomendado para piso molhado ou sujo. De salientar que os 10.000 kms. foram feitos a solo, sem pendura, bastantes vezes com malas carregadas e sempre com o controle de tracção ligado.
O maior trunfo desta Yamaha é mesmo o motor e o som que sai dele através do bonito mas de discutível gosto escape curto de saída lateral, motor elástico, disponível, suave e poderoso, faz-nos sentir que temos sempre resposta, seja em alta, média ou baixa rotação, pena que o conjunto não acompanhe, já que a instabilidade da mota a partir dos 180 kms./hora é bem notória com o abanar do guiador, só nos resta mesmo ficar por aí e esquecer o que este Tri tem ainda para oferecer. Além de que não se percebe o porquê de tanta trepidação a nível de guiador e pousa pés, a falta de borracha nestes é uma lacuna imperdoável nesta mota, principalmente no condutor mas também no lugar do pendura. E é nos pousa pés que fico com a dúvida se alguém se sentou na mota depois de concebida, a menos que tenha um pé minúsculo, no pedal direito à conta do ferro protector de calor do escape não é possível manter o pé direito, se numa utilização curta ou desportiva não incomoda, tentem fazer 200, 300 kms. directos ou 8 a 10 horas de condução num dia com o pé inclinado para baixo, além de desconfortável é irritante. Mas contudo não deixa de ser uma mota interessante, já que o conjunto mostra-se bastante leve e maneável em estradas sinuosas e reviradas com curvas mais ou menos apertadas, diversão aqui é uma constante.
Segundo o computador de bordo, bastante completo por sinal e totalmente digital, com toda a informação necessária, intensidade de luz regulável, programável, o consumo nesta primeira dezena de milhar de kms. foi de 4.5 lts. aos 100, conforme indica o computador de bordo, se tivermos em conta uma autonomia superior a 300 kms. graças ao depósito de 18 lts. temos aqui uma forte candidata a grandes tiradas seguidas. Consumo bastante aceitável, mas a ter em conta que não houve auto estrada, nem pendura e o modo de condução foi dividido entre STD e A, nota positiva neste aspecto para esta MT-09 com carenagem.
A posição de condução é descontraída, com guiador largo, faz-nos sentir não inseridos na mota, mas sim numa posição alta de controle, mais ao nível de uma Supermotard, o banco do condutor é regulável em duas posições e separado do traseiro, a opcção do banco confort, cerca de 300€ penso fazer toda a diferença, não sendo uma referência, permitiu fazer num dia mais de 800 kms. e em mais três cerca de 600, sem apresentar queixas nesse aspecto. A protecção aerodinâmica também não compromete, o ecran original de forma algo estranha satisfaz minimamente, e é regulável em altura num sistema manual de alguma fragilidade, para os mais exigentes opções maiores quer na marca como fora não faltam.

De série a Tracer 900, traz descanso central, controle de tracção desligável através de um botão existente no painel mas só de um nível, modos de potência, ABS, luz led que apesar de em médios só acender uma óptica mostra-se totalmente eficaz e é  regulável manualmente através de dois botões no interior da carenagem frontal, e outros pormenores interessantes, como suportes para as malas discretos, acabamentos em carbono e jantes de 10 raios.
Ainda como ponto positivo, aponto a caixa de velocidades, precisa e rápida com uma embraiagem macia, trocar mudanças é um prazer constante nesta mota. A travagem não compromete, mas não merece ser elogiada, bem como as suspensões, algo rija na traseira apesar de ter afinação, e macia na frente, e falo da configuração que traz de fábrica, acredito que afinada por alguém que perceba possa ser criado uma estrutura mais confortável ou mais desportiva, conforme a vontade do dono.
Mas nem tudo correu bem com esta Tracer, sendo um fan incondicional das motas "made in Japan" houve alguns pormenores que me desiludiram. Se nunca me deixou apeado, alguns acabamentos fracos são por demais evidentes, e não é por ser mais barata que a concorrência que aceito facilmente certas coisas na mota. Sabia á partida que não teria suspensões ou travagem ao nível de uma Versys 1000, V-Strom 1000 ou VFR800X, em que os 3.000€ que custam a mais me fizeram optar pela Yamaha, mas não esperava ter certas chatices, mesmo apesar da disponibilidade do Concessionário para as tentar resolver, podiam ter sido evitadas se houvesse mais cuidado na construção e escolha de materiais da mota.
Os plásticos debaixo do banco apareceram de ambos os lados partidos a meio, trocados e resolvido na garantia, os espelhos  enferrujaram nos braços de apoio e foram trocados nos primeiros meses.
No amortecedor traseiro apareceram vários pontos de ferrugem logo no início, prontamente trocado após reclamação.
O painel digital em dias de chuva ou humidade embacia, ainda, bem como os piscas.
A carenagem lateral está desencaixada da frontal, e não parece ser fácil de resolver, uma questão já vista na oficina, espera resolução.


Os pneus Dunlop Sportmax D220 que equipam esta Tracer nas medidas 120 á frente e 180 na traseira ambos em jante de 17"  com 10.000 kms. além de apresentarem um desgaste considerável, principalmente o de trás, a nível de aderência não inspiram muita confiança, especialmente no molhado.




O amortecedor em cima a apresentar vários pontos de ferrugem e ao lado o já substituído ao abrigo da garantia da mota. Tal como nos espelhos também apareceu ferrugem, entretanto substituídos ao abrigo da garantia.
A instabilidade da mota a alta velocidade é incompreensível, impossível de andar acima dos 190/200 kms./hora, a frente abana , e se a marca já apresentou a outros clientes a desculpa de usar malas e ecrans sem ser de origem, aqui não acontece isso, é tudo original, com ou sem malas o resultado é o mesmo, abanar da direcção seja em dias ventosos ou não. Tal como a brusquidão do acelerador, principalmente no modo A (mais desportivo) a baixa rotação também era dispensável, requer alguma habituação. A travagem, apesar de satisfazer é algo macia, um pouco mais de eficácia não lhe caia nada mal.


Custos em 10.000 kms.
- Revisão 1.000 kms. - 62€ no Concessionário do Algueirão ( oleo e filtro )
- Furo e Lavagem - 30€
- Revisão 10.000 kms. - 120.23€ no Concessionário de Sintra, no Algueirão ( oleo, afinações e 3 horas de mão de obra)
- Seguro - 83.14€
- Imposto Unico Circulação - 124.06€

A questão é!  Vale a pena comprar? Voltava a optar pela Tracer 900? 

Convém lembrar que as alternativas de opção que tive em conta além desta Yamaha, e eram as minhas preferidas para substituir a mítica V-Strom 1000, minha saudosa e grande companheira de viagem durante bastantes anos, eram Suzuki V-Strom 1000 na última versão, Honda VFR800X, Kawasaki Versys 1000 , as três a rondar os 14.000€ contra os 11.000€ da Yamaha Tracer 900, e estes valores são com nível de equipamento semelhante, com mais ou menos desconto.
Se a Yamaha ganha no visual, pessoalmente acho-a linda, principalmente neste esquema de cores, e no preço imbatível, perde nos "pequenos" problemas que apresentou logo nos primeiros meses de uso, mesmo sendo a maior parte resolvidos pela marca, não deixam de criar alguma desconfiança sobre a qualidade da mota.
Caso o tempo voltasse atrás, teria que repensar muito bem a escolha e muito possivelmente um investimento maior numa mota com nível de qualidade de fabrico e acabamentos superior, com travagem e suspensões melhores, perdendo a dinâmica e diversão na condução que esta Tracer sempre me deu, podia ter uma alternativa mais ponderada.
Se vale a pena comprar a Tracer? Pelo preço e equipamento de origem sim, e até acredito que muitos clientes nem exijam tanto dela nos pormenores, como eu.














 Avaliação de 0 a 10

Suspensão - 6

Desempenho - 7

Consumo - 10
Conforto - 7
Caixa de Velocidades - 8
Protecção Aerodinâmica - 6
Motor - 9
Travagem - 7
Preço - 9
Visual - 9

                                                  Média : 7.8