quarta-feira, 19 de outubro de 2016

EL ROCIO 2016, em busca da terra dos Cowboys

Novembro 2016, dias 5 e 6, data escolhida para a terceira série das dez que planeámos até Junho de 2017. O destino escolhido é El Rocio, situado no Sudoeste de Espanha, província de Huelva, a 436 kms. distância de Lisboa e a 84 de Sevilha.
El Rocio, é uma pequena aldeia conhecida pelas suas pequenas casas pintadas de branco, estradas de terra fazendo lembrar o Far West Norte Americano, e a sua imponente Ermita del Rocio.
Como andar de mota permite alcançar facilmente vários lugares, pela facilidade de lá chegar, estacionar e voltar á rota programada, e até porque faço questão de incrementar alguma cultura ás minhas viagens para evitar chegar a casa com a única recordação da sensação do traseiro tremido, levo várias referências para visitar e conhecer tanto na ida como no regresso. Assim, uma Capela de Ossos, Ruínas Romanas, um Castelo Medieval, uma Vila Raiana e uma Medieval, uma aldeia de Cowboys destino principal que deu o mote a esta aventura, contacto com 76 kms. do percurso da mítica e saudosa N2 e outras surpresas inesperadas certamente, são pontos de interesse nesta viagem.
Mota escolhida para estes dois dias é a Yamaha MT-09 Tracer, uma opção cada vez mais válida nestas distâncias maiores, pelo conforto, autonomia, disponibilidade do motor em todo o regime de rotação, segurança em todo o tipo de estrada, e até pela capacidade de carga disponível com as duas malas laterais que a equipam.


A partida, já vai sendo uma tradição deu-se em Mafra, e que melhor do que um fundo como o do Palácio Nacional da Vila? Mota atestada, ar dos pneus verificados, malas carregadas com roupa para dois dias, bem como todo o equipamento necessário para fotos e partilha nas redes sociais. E lá vamos nós, quase 1.000 quilómetros nos esperam nos próximos dois dias.
Apesar da manhã estar chuvosa, as previsões apontavam para melhorias e sol no Domingo, com temperaturas abaixo dos 20 graus, a verdade é que estamos no Outono, e estas variações entre sol são previsíveis. Como tal, equipamento adequado e toca a ir.  Se no Sábado a chuva não deu tréguas em qualquer instante, o Domingo acordou com um sol exemplar, mas muito frio.


A primeira paragem deu-se em Vendas Novas, no Boavista para um almoço ligeira das tão típicas bifanas da zona. Abrigado da chuva, a degustação das ditas foi a pensar que o céu estava tão escuro e sem parar de descarregar água, que me deixava na dúvida se a data tinha sido bem escolhida, não é que me incomode viajar de mota á chuva, mas para as visitas que tinha planeadas, não seria as condições ideais. Novamente equipamento fechado, sentar na Tracer e voltar ao caminho, até Évora é pouco mais de meia hora. Na entrada de Évora á esquerda há um desvio para o Alto de São Bento, trata-se de um monte com uma vista fabulosa sobre a cidade, com três Moinhos construídos em cima de pedra.


Voltando á Cidade de Évora, a estrada que a circunda empedrada, não é muito agradável para fazer de mota com piso molhado, mas com cuidado lá fomos á próxima paragem, que era a Igreja São Francisco, onde se situa a única e singular Capela dos Ossos.


A Capela dos Ossos, como o próprio nome diz tem as paredes e pilares forrados com ossadas humanas, impressionante, Na entrada encontramos o dizer "Nós ossos que aqui estamos, pelos vossos esperamos". A entrada são 3€, que também dá acesso a um museu no mesmo edifício.




A Igreja São Francisco com entrada livre é uma obra magnifica, com o dourado em destaque, como grande apreciador de Igrejas, atrevo-me a dizer que foi a mais bonita que vi até hoje.




De volta á estrada molhada, era altura de apanhar o IC2, direcção á Vidigueira, para um lanche no largo da Vila Alentejana. Muito bem organizada, com estradas estreitas de pedra, faz-nos sentir que quem aqui vive tem qualidade de vida.

A torre do relógio, bem sinalizada na Vila da Vidigueira.
              

 Passeando de mota na vila quase deserta, rua abaixo, rua acima, senti um ambiente acolhedor, passei por alguns alojamentos locais, e com o equipamento, principalmente as botas a mostrarem já uma certa saturação de água, houve vontade de ficar já ali a passar a noite, mas ainda havia umas ruínas Romanas para ver e o hotel marcado era em Moura, a cerca de 30 kms.
As Ruínas Romanas de São Cucufate, são perto da Vidigueira, em Vila de Frades, na estrada principal, num pequeno desvio á direita. Quando lá cheguei pelas 17.15h. já a entrada estava encerrada, a segurança a entrar no carro, que teve a simpatia de me vir explicar que o dia estava mau e que aquela hora já não dava para ver tudo, só me restou dar-lhe razão e tentar voltar noutra altura mais cedo. Fica o registo do que consegui ver através da rede de segurança.


De novo, com a ignição da Tracer em ON, próximo destino, base de descanso para esta noite, Moura. E foi mesmo no caminho que caiu a noite, a temperatura teimava em manter-se próximo dos 10 graus, bem como a chuva. Na entrada da cidade abastecimento da mota, procurar o hotel, mesmo no centro da Cidade, estacionar junto á entrada do Hotel Santa Comba, um 2 estrelas muito acolhedor e com um simpático proprietário, tomar um duche bem quente, por o equipamento a secar, actualizar as redes sociais, e com roupa leve e seca fomos á procura do jantar a pé.




Moura é uma Cidade muito bonita, terra que visto desde criança, já que a minha família materna é toda desta zona. As ruas estão enfeitadas com flores e a utilização de luzes LED nalgumas zonas torna tudo ainda mais branco, como é típico da zona.
Depois do merecido descanso, foi com alegria que vi o céu azul e sol radiante da janela do quarto, rapidamente me vesti e fui dar uma volta pela Cidade antes da hora do pequeno almoço. Ao sair da porta do hotel deparei-me com um enorme frio, e assim ficou até perto do almoço, já que no painel da mota teimava em manter 8 graus, mas não chovia e isso já era bom. 



A Capela do Carmo é uma das pérolas de Moura, mas há muito mais para descobrir. A esta hora madrugadora só deu para as fotos da praxe, em baixo encontra-se um link que leva ao álbum completo de fotografias da viagem. 
Muitos caçadores madrugadores no Centro iam olhando para este forasteiro de máquina fotográfica na mão, captando os pormenores que se ia encontrando, como fontes, canhões de guerra, portas de madeira antigas, torres, igrejas, etc.De volta ao hotel, depois de um bom pequeno almoço, já que o dia previa-se longo, foi hora de arrumar as coisas, equipar e por-me á estrada, e que bem sabe nesta altura do ano rodar pelo Alentejo com o que era seco e castanho no verão, agora pintado de verde, maravilhoso. Na entrada de Espanha o frio era tanto que nem coragem tive para parar afim da foto junto da placa que assinala o País vizinho, sem entender bem porquê a passagem daquela placa dá-me sempre uma enorme sensação de liberdade.
 A estrada que vai de Rosal de La Frontera a Huelva, A495 é igna de ser feita várias vezes sempre com a mesma atisfação, transito pouco ou nenhum, asfalto irrepreensível, curvas abertas, rectas não muitos longas. Em certas alturas acompanha um rio de água castanha, talvez devido a umas minas que se encontram numa povoação que fica no caminho.


O destino principal desta Aventura era El Rocio, mas no caminho não quis perder a oportunidade de ir conhecer a Vila Medieval Niebla, uma fortaleza onde se encontra habitação, Igrejas, praças, fontes e ruas estreitas transitáveis. 




Até El Rocio é um pulo, a terra dos Cowboys começa a ser indicada na estrada bastante antes, e até lá chegar está uma via rápida de duas faixas sem portagem, bastante transito na direcção ao meu destino, não fosse Domingo, e foi com bastantes pessoas que encontrei El Rocio. 


Indescritível a imponência da Ermita de El Rocio, grande, bonita, muito branca, chama a atenção mal lá chegamos. As ruas são de areia, muitos restaurantes, bares, esplandas, carroças para fazer uma visita á aldeia, cavalos, póneis para as crianças. Os carros e outros meios de transporte como a mota ficam num parque perto da Ermida, a minha ideia de fotografar a Tracer junto á ermida ficou assim por fazer. Mas o importante estava feito, era estar cá, ver e sentir o ambiente do Far West.
Curiosamente nas pesquisas que fiz sobre este El Rocio não me apercebi do enorme lado que existe frente á povoação, simplesmente fabuloso, a calma da água ali estagnada, criando um efeito espelho com o azul do céu. Junto ao enorme rio existe um passeio onde as pessoas passeiam ou simplesmente descansam nos bancos apreciando de um lado o lago e do outro a Ermida ou as baixas casas brancas.
 
Com a visita feita, começava o regresso a casa partir de agora, e veio também a parte mais chata, até Huelva foi uma enorme e interminável recta no meio de um pinhal, sem motivos de interesse. Ao chegar a Huelva passa-se pela zona portuária, grandes depósitos de gás e outros combustíveis, até que surgem as placas a indicar Portugal, 76 kms. verdade? pensava que estava bem mais perto. E até Portugal o caminho é feito numa via rápida com duas faixas também ela sem portagens. Lá fomos galgando kms. atrás de kms. com o desejo de estar de volta ao País de origem. Já na zona de Ayamonte, oportunidade de abastecer a 1.12€ a gasolina, logo depois a espectacular ponte que liga Espanha a Portugal, assim que vi desvio á direita para a estrada Nacional, direcção Beja, abri logo o pisca da Tracer.  



Até Alcoutim foi um instante, não estivesse de volta a Portugal onde a velocidade é mais á vontade do que Espanha, hora de almoço, um saboroso frango assado acompanhado de uma cerveja e esticar as pernas até á zona ribeirinha, onde nos deparamos com o rio Guadiana a separar Portugal de Espanha, os barcos atracados no cais, mais parecem ter sido ali colocados para criar um efeito de quadro pintado.



Foi a seguir ao almoço, no caminho para Mértola que tive um percalço, ao sentir a mota a querer fugir nas curvas, vi que algo se passava na roda traseira, ao parar vejo um ferro espetado e o ar rapidamente a sair. Felizmente tinha posto o kit anti furos na mala, normalmente nem penso nisso. O kit estava lá sim, mas como nunca foi preciso, não foi fácil a sua utilização, mas com algum esforço e empenho lá se meteu a sola na roda, bomba de ar lá para dentro, o que vim a perceber que uma não chega, porque a mota continuou instável, seguiram-se trinta kms. em ritmo lento até que em Mértola fui á estação de serviço meter pressão correcta, verificar que não estava a perder ar no sitio do remendo, e dar a volta pela localidade. 



Com a situação aparentemente corrigida do furo, foi altura de ganhar confiança de novo na Tracer, seguimos até Beja, Ferreira do Alentejo, para aí aproveitar para um reencontro de 76 kms. com a mítica N2 até Montemor o Novo.


Esta é a zona em que a N2, marca nos marcos de passagem de quilometro R2, vá-se lá saber porquê. Estrada já conhecida da Tracer, foi deixá-la deslizar porque neste tipo de estrada é que ela se sente bem, curvas, subidas, descidas, pouco transito, é um prazer ver a disponibilidade desta mota numa "pista" daquelas.






 No Torrão, o relógio da Igreja marcava 5 horas da tarde, o sol já parecia estar adormecido, decidi parar para um café, que acabou não ser tomado, já que estava fechado o bar da praça, mas tirou-se a foto que marca a nossa passagem lá, aconchega-se o equipamento que o frio vai apertando e siga caminho. 
A chegada a Montemor já foi com o sol posto, seguiu-se Vendas Novas, paragem para abastecimento da mota, desta vez optámos por saltar as bifanas que constavam no programa, já que pretendia chegar a horas do jantar a casa.



Sem recurso a portagens lá chegámos a Mafra, 970 kms. depois, feitos em dia e meio. Em Dezembro voltamos com novas ideias e Aventura! 


Mota : Yamaha MT-09 Tracer 
Kms. feitos em dois dias: 970 

Despesas:
Gasolina - 53€
Alimentação - 35€
Alojamento - 23€ - Hotel Santa Comba, Moura
Outras - 3€

Total: 114€ 


ALBUM DE FOTOS

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